PROJETO BSM ENTREVISTA RICARDO CONFESSORI
O Projeto BSM, que procura trazer para o Rio de Janeiro ícones do heavy metal, conseguiu realizar em janeiro um workshop-show com Ricardo Confessori, baterista do Shaman. O evento foi realizado na Casa de Cultura Estácio de Sá, e parece que foi muito legal. (Pena que eu não pude ir) No mesmo dia do workshop, foi realizada uma entrevista com Ricardo, na qual ele contou várias informações sobre sua carreira, sua vida e sobre os novos projetos do Shaman. Lá vai: (entrevista por Fabíola Schwob)
"Todos nós tivemos a oportunidade de perceber que Confessori é um cara gente fina e família (com certeza da família brothers and sisters of metal). Escolheu morar fora de São Paulo e procura descansar por lá, quando não está em turnê. Bom de papo, fez fluir a entrevista. Falou de suas viagens e até comentou sobre quando conheceu Machu Pichu e Nazca. Estaria ele buscando inspirações para o Shaman? Essa pergunta fica para outra entrevista. Agora se você está ansioso para saber dos rumos da banda e do próximo disco, aproveite para descobrir logo abaixo.
1.Como foi abrir para o Iron Maiden em São Paulo? Primeiro de tudo foi uma grande honra termos sido escolhidos para abrir o show lá em São Paulo, ter tido a preferência entre todas as bandas nacionais. Foi o maior show do Iron Maiden aqui no Brasil, 45 mil pessoas. Já tínhamos tocado para 44 mil, quando tínhamos outra banda e abrimos pro AC/DC. Esse foi nosso recorde de público. Foi muito legal porque não senti que o pessoal quisesse que a gente acabasse logo pra ver o Iron Maiden. A gente teve a impressão de que era um show nosso, o pessoal todo batendo palma, cantando as músicas, prestigiando. Não foi como antigamente quando as pessoas eram mais intolerantes à banda de abertura, principalmente se fosse nacional. A gente deu o recado lá, deve ter conquistado vários novos fãs. Depois a gente teve a oportunidade de ver o show do Iron bem de pertinho, uma influência nossa. O Nicko (Mc Brian) e o Adrian Smith assistiram o show do lado do palco. Na saída o Nicko cumprimentou, falou ?belo show? e tal. Depois do show o empresário deles, o Rod Smallwood, veio falar com a gente, dizer que curtiu muito, que normalmente o público não tem essa reação à banda que abre para o Iron e fica gritando ?Maiden, Maiden? (risos) . Ficou impressionado com a reação do público com a performance da gente.
2.Vocês teriam feito o último show da turnê em São Paulo. Daí rolou o Iron Maiden e estão agendados shows no Nordeste e no Rio. Quando vocês vão dar uma paradinha para gravar o 2º álbum? Na verdade, para o pessoal não achar que a gente falou uma mentira quero dizer que aqueles foram os últimos shows da turnê de São Paulo. A gente não tocaria mais na cidade, mas continuamos a tocar em outros lugares. A gente não vai mais marcar show lá até agosto, setembro, que é quando sai o disco novo. O Iron foi acertado bem depois, pois não tínhamos conhecimento de que éramos um dos candidatos a abrir o show. Nós já tínhamos plano de continuar tocando em janeiro, fevereiro e março. Só em abril, que é quando começam as gravações, vamos dar uma parada de uns dois, três meses. Quando a gente grava, grava todo dia, sábado, domingo... Senão desconcentra, atrapalha o clima. A não ser que role algum festival grande na Europa, que valha a pena parar a gravação. Vamos tocar no Gods of Metal e estamos cotados para um festival holandês, estamos sendo votados... A gente está tentado entrar em outros festivais tipo Bang Your Head, na Alemanha, o Wacken. O Ritual não teve distribuição na Alemanha, então ficamos praticamente anônimos para o público de lá. Estamos fechando com uma gravadora alemã e acertando esse contrato já sai em março um pacote com o DVD e o primeiro álbum. Aí teríamos chance de tocar nesses festivais, que são os maiores da Europa hoje em dia. Tem também o Viña Rock, na Espanha, que já tocamos na edição de 2002.
3. Você pretende incluir instrumentos diferentes no próximo álbum, assim como no Ritual? A gente já tem uma música que vai começar com tabla, um instrumento indiano, que são dois tambores. Um você toca com a palma da direita e o outro com a ponta dos dedos da esquerda, um é afinado agudo e outro grave. Já toquei tabla, apesar de não saber, então pretendo chamar alguém pra tocar no disco. Depois a gente vê como faz no show. A gente também gostaria de usar aquele derbak de novo, mas ainda não tem uma música que a gente poderia encaixar. Queremos usar outros instrumentos não percussivos, por exemplo o didgeridoo, instrumento australiano. Tipo um bambú grosso, parecido com um berrante, mas que tem um som bem mais grave. Normalmente a gente tem um rock normal, vê o que a música lembra, pensa o que vai colocar de diferente depois.
4.Depois do primeiro disco e de uma extensa turnê, como evoluiu a sonoridade do Shaman? Os fãs podem esperar mudanças para o 2º disco? Acho que sim. Se você ouvir o ao vivo e o de estúdio, vai sentir a mixagem diferente. A guitarra mais alta, o teclado menos alto. O baixo mais alto porque ao vivo tocamos com uma guitarra só e no estúdio gravamos várias guitarras. Gravamos o primeiro disco sem nos importarmos que ao vivo só teríamos uma guitarra. Nesse vamos pensar mais, ter coisas para uma guitarra. Estamos buscando uma nova fórmula do metal. O metal deu uma banalizada, principalmente no estilo melódico, mais ou menos o que aconteceu com as bandas poser dos anos 80. Até o ponto de virar uma porcaria e ninguém mais gostar porque virou uma palhaçada. É só falar de coisas épicas, tocar dois bumbos e uma palhetada rápida que é uma banda! Não tem mais a ver com as bandas que a gente curtia, que cada disco era diferente. O Iron Maiden, por exemplo, o Killers (1981) é um disco, o The Number (of the Beast - 1982) é outro som. Então a gente sempre tem pensado nisso. Principalmente nesses ensaios que a gente começou agora desde janeiro, fazendo música nova. A gente realmente não tá mais a fim de fazer heavy metal melódico. A gente tá afim de fazer heavy metal tradicional. Algumas músicas do Ritual a gente até já conseguiu, você vê que tem umas coisas que lembram os anos 80. Queríamos mais esse lado do Shaman e não o outro lado que remete ao Angra. Deixamos isso para o novo Angra fazer.
5.Nesta primeira turnê vocês não foram ao Japão nem à Grécia. Que países vocês ainda não tocaram e gostariam de tocar ou gostariam de voltar? A gente queria voltar ao México. O povo é muito legal, a cidade é muito louca. Queríamos conhecer o sudeste da Ásia: Coréia, China, Tailândia, Bangkok... (N.R.:Dá tempo de conhecer alguma coisa?) Dá tempo de ver alguma coisinha. Quando a gente foi pra Manaus, a gente deu um passeio. Mas tem vezes que não dá, é um dia atrás do outro. Para tocar às dez, chega às seis no lugar.
 Fabiola e Ricardo
6.Vocês já tocaram no Brasil todo, inclusive Manaus e Nordeste. Como foram os shows por lá? O público está crescendo em lugares que não tem tradição de metal? O Rio de Janeiro é grande, mas tem pouco público. Em Manaus, Belém e Teresina os shows tinham em média 4 mil pessoas. Um público grande. São coisas que a gente não conhece do nosso país, o Brasil está mudando. Você vê que não é a mesma galera que ia nos shows do Angra, quando a gente foi pra Manaus, sete anos atrás. O público se renovou. São novos garotos que tão começando a curtir heavy. A molecada voltou a começar a vida musical gostando de heavy. O pop se esgotou. Pop era um estilo de música e hoje virou uma forma de vender algo. Pode tocar pesado como o Metallica e ser pop. A molecada tá percebendo quem tá fazendo marketing e quem tá fazendo o que gosta.
7.Como está o seu projeto paralelo com Luís Mariutti, o Motorblues? Não é blues, mas tem algum blues no repertório. A gente toca cover do Satriani e do Vai. Esse projeto é mais do Arnaldo (Ricci), que é guitarrista. Ele que esmerilha a guitarra, e eu e o Luís ficamos segurando a base. Ele toca guitarra pra caralho, mas é como hobby. Ele tem outra profissão. A gente toca um ano e pára. Até gostaria que rolasse de verdade.
8.Você está num momento muito bom da sua carreira, parece não faltar nada. Sucesso, turnês pelo mundo e baterista respeitado. Que presente de aniversário você gostaria de ganhar? Não falta nada. Eu gostaria de melhorar do problema que eu tenho no ouvido, que eu tive um problema sério em 2003, por causa do barulho... Essa é a única coisa que me incomoda. O resto, eu tenho tudo, minha casa... Gostaria de ter um filho. Estou tentando, eu e a minha esposa estamos tentando ter um filho. Espero que dê certo logo. Antes que eu fique velho demais e ela também. Como tá, tá ótimo. A gente tem respeito, pessoas que gostam do nosso trabalho e ao mesmo tempo temos liberdade de sair na rua. Somos compreendidos pelo nosso público. Tem uns caras bonitinhos que tocam forró, sei lá, que o público gosta dos caras e não da música que eles fazem.
9. O que te fez começar a ouvir metal? Lembro até hoje o primeiro dia que ouvi metal. Eu estava na casa de um amigo que chama Marco Antônio , estava na 5ª ou 6ª série. Eu fui almoçar na casa dele porque a gente tinha uma prova e eu fui ajudar ele em matemática O irmão dele pôs um LP: ?ouve isso?. Botou duas músicas: uma era Highway Star (Deep Purple) e Stairway to Heaven (Led Zeppelin). Daí eu pedi: ?Meu, pôe aí de novo, põe mais uma vez?. Anotei o nome dos discos e fui direto comprar na loja. Antes, eu estudei piano clássico no conservatório, dos seis aos dez anos. Aí com 10, 11 anos eu pedi pra parar. Passou um ano e meio eu ganhei uma bateria."
 Foto do workshop
Isso aí Ricardo! Tamos torcendo para que o bebê venha logo e venha já com as baquetas na mão para ser igual ao pai!
Um abraço... amanhã estarei com o Ruy para preparar a matéria sobre o show e a entrada no camarim em Vitória. Várias fotos legais, hein ? =P
Grande abraço pessoal!
Felipe Drummond na santa terrinha!
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